Cidade das Mulheres é um filme documentário produzido e dirigido por
Lázaro Faria. O argumento e roteiro e trilha sonora (interpretada por
Elza Soares) são da escritora paulistana Cléo Martins, a Agbeni Xangô do
Ilê Axé Opô Afonjá. O filme, que tem como protagonista Mãe Stella de
Oxóssi, a ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, é uma homenagem à antropóloga
americana judia Ruth Landes (falecida em 1991) autora de "The city of
women" (A Cidade das Mulheres), escrito em 1939, pontuando a vida digna e
verdadeira das mulheres de terreiro da Bahia conhecidas por mulheres do
partido alto. Foi vencedor, em 2005, do prêmio "Tatu de ouro" e do
prêmio BNB.
sábado, 16 de novembro de 2013
Documentário: Gisele Omindarewa - Uma francesa no Candomblé.
Direção: Clarice Ehlers Peixoto, 65 min, 2009
Gisèle Cossard Omindarewa, 90 anos, é francesa e mãe de santo no candomblé do Rio de Janeiro. Oriunda da burguesia parisiense, ela vive há muitos anos na Baixada Fluminense. O filme procura reconstituir a sua trajetória através das lembranças de sua infância e juventude, de sua participação na resistência francesa ao lado do pai, de sua vida africana como mulher de diplomata, de sua iniciação no candomblé nos anos 1960 e, principalmente, da sua atuação como mãe de santo no terreiro de Santa Cruz da Serra. São momentos de sua história individual que se cruzam com a vida coletiva e religiosa.
Prêmios:
Melhor documentário no III Festival de Filme Etnográfico do Recife (2011).
Melhor edição no BAFF-Bahia Afro Film Festival (2011).
Convidado a participar do 13° Festival de Cinema Brasileiro em Paris (2011).
Gisèle Cossard Omindarewa, 90 anos, é francesa e mãe de santo no candomblé do Rio de Janeiro. Oriunda da burguesia parisiense, ela vive há muitos anos na Baixada Fluminense. O filme procura reconstituir a sua trajetória através das lembranças de sua infância e juventude, de sua participação na resistência francesa ao lado do pai, de sua vida africana como mulher de diplomata, de sua iniciação no candomblé nos anos 1960 e, principalmente, da sua atuação como mãe de santo no terreiro de Santa Cruz da Serra. São momentos de sua história individual que se cruzam com a vida coletiva e religiosa.
Prêmios:
Melhor documentário no III Festival de Filme Etnográfico do Recife (2011).
Melhor edição no BAFF-Bahia Afro Film Festival (2011).
Convidado a participar do 13° Festival de Cinema Brasileiro em Paris (2011).
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Acaçá.
os, que nunca podem deixar de ser observados. Todos os Orixás, de Exú a Oxalá, recebem acaçá. Todas as cerimonias, do ebó mais simples aos sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagem, em tudo mais que ocorra em uma casa de candomblé, só acontece com a presença de acaçá. A pasta branca à base de milho branco, chama-se eco (èko), depois de envolvida na folha de bananeira, aí sim, será acaçá. O acaçá é um corpo, símbolo de um ser. A única oferenda que restitui e redistribui o axé. O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida; e por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-se a comida e predileção de todos os Orixás.
Nem todas as palavras do mundo
são suficientes para decifrar o valor de um acaçá. Basta admitir que os
segredos estão nas coisas mais simples para ver que muitos julgaram
insignificantes, a comida mais importante do candomblé, banalizando o sagrado e
privilegiando a intuição em deterimento do fundamento. Fato é que quem não faz
um bom acaçá, não pode ser considerado um bom conhecedor de candomblé; pois, as
regras e diretrizes da religião dos Orixás nunca foram ditadas pela intuição.
Constituem grandes fundamentos "cristalizados" ao longo de anos e
anos de tradição.
Aqui o grande fundamento é que o
sangue dos animais jamais pode jorrar sobre os igbás sem a presença do elemento
pacificador, pois, o acaçá simboliza a paz. Quando ofertado e retirado do seu
invólucro verde, tornando-se a comida de Oxalá que agrada a todos os orixás, a
primeira oferenda que deve ser colocada diretamente no assentamento, juntamente
com o obi e a água, antes de qualquer sacrifício. O acaçá deve permanecer
fechado,imaculado até o momento de ser entregue ao Orixá, só então é retirado
da folha. É como se o sagrado tivesse que ficar oculto até a hora da oferenda, prova
de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado.
Fava: Aridan.
Dentro
dos fundamentos de santo, é comum o uso de favas para que se dê o
complemento do encantamento do assentamento ou mesmo a proteção do iaô
bem como da casa. A mais utilizada dentro das casas de santo, é a
Aridan, de origem africana e que lá possui o mesmo nome, sendo que este
se traduz como fruta, isso no dialeto Iorubá, já na região do Congo, ela
é conhecida como Kiaka, Evaka, Chiacha,
entre outros. Seu nome científico é: tetrepleura ou tetraptera
(Schumamp; Thour). Foi trazida para o Brasil pelos escravos, com a
finalidade ritualística bem como farmacológica. Essa fruta, (fava),
existe ainda hoje na África central, e constitui-se basicamente de uma
árvore com aproximadamente 30 metros de altura, segundo os estudiosos, e
produz seus frutos que são constituídos da seguinte forma: 04 frutos
alados, tendo uma polpa carnuda e dentro das mesmas encontramos as
sementes. Possui essa fruta um perfume picante e odor aromático. Devido a
isso, muitos acreditam que ela tem o poder de repelir insetos. Dentro
da farmacologia afro, ela é utilizada no combate a convulsão,
hanseníase, inflamações, e ainda aplicada nas dores de reumatismo. Nos
rituais de Orixá, nada se faz sem o uso dessa poderosa fava, que é
utilizada desde os tempos mais remotos, por sacerdotes das diversas
regiões da África. A Aridan é muito conhecido do povo de Candomblé por
ser talvez a mais sagrada de todas as favas de utilidade religiosa,
mesmo Exú leva essa fava em seu assentamento, e jamais se faz matança
para Orixá sem que ela esteja presente dentro do Igbá Orixá. Sua
utilidade como disse acima, serve tanto para o encantamento como para a
proteção da pessoa e da casa. Nessa utilização, essa fava corta os males
feitos por feiticeiros e impede até mesmo que o mal olhado atinja a
pessoa, sua casa ou seu local de trabalho Apesar de ter tantas
utilidades, ela não é posta na cabeça da pessoa, cabendo essa utilidade
apenas ao obi e ao orobô. Em caso a pessoa ser perseguida por inimigos,
basta que se mantenha essa fava dentro de casa ou escritório,
pronunciando as palavras litúrgicas para que ela mantenha o ambiente
salutar e afastar toda a energia negativa. Sua utilização dentro do
Candomblé é universal, sendo que todas as nações a utilizam e
praticamente da mesma forma. Apenas ressalto que somente um sacerdote
devidamente preparado pode utilizar essa ou qualquer outra fava nos
rituais litúrgico.
Itã: Galinha de Angola.
A Galinha de Angola era uma ave muito feia e por isso, afastava as pessoas de perto de si, mesmo sendo muito rica. Ela vivia abandonada em uma grande floresta em meio a sua riqueza.
Cansada de ser desprezada, resolveu consultar o oráculo sagrado no Palácio de Obatalá. Quando lá chegou, o Sacerdote a colocou para fora, dizendo que ela deveria estar usando um Alá branco para entrar na casa do Grande Deus Funfun. Ainda mais triste, a Galinha de Angola resolveu ir para outra floresta e de uma vez por todas, deixar de conviver perto de tudo e todos.
Após 21 dias caminhando, a
Galinha de Angola parou em uma floresta, sem saber que era sagrada (Igbodu).
Lá, ela encontrou um velho maltrapilho gemendo de dores. Esse velho disse:
“Pare! estou muito doente e não tenho dinheiro para me alimentar, me dê o que comer e beber, por favor,”!
A Galinha de Angola pegou tudo o que tinha e deu ao velho homem que, após saciar a sua fome e sede, caiu dormindo em sono profundo. A Galinha de Angola continuou preocupada com o velho e ficou ao seu lado enquanto ele dormia. Ao acordar, o velho perguntou-lhe, porque ainda estava lá, fazendo companhia para aquele velho maltrapilho.
“Pare! estou muito doente e não tenho dinheiro para me alimentar, me dê o que comer e beber, por favor,”!
A Galinha de Angola pegou tudo o que tinha e deu ao velho homem que, após saciar a sua fome e sede, caiu dormindo em sono profundo. A Galinha de Angola continuou preocupada com o velho e ficou ao seu lado enquanto ele dormia. Ao acordar, o velho perguntou-lhe, porque ainda estava lá, fazendo companhia para aquele velho maltrapilho.
A Galinha começou a dizer que
não poderia abandoná-lo, pois ele estava precisando dela, disse sua história ao
velho, falando que todos lhe achavam feia, com um aspecto repugnante e que não queria
mais viver.
O Velho respondeu que o seu
exterior não importava em nada, pois por dentro, ele era um dos seres mais
belos que existia. Disse que aquela era uma floresta sagrada e que na verdade,
ele era Obatalá. A Galinha de Angola ficou surpresa com a revelação,
pedindo-lhe desculpas por entrar na floresta sagrada.
Obatalá pegou Efun e começou a
pintar a Galinha de Angola, que ficou muito bonita. Além disso, Obatalá disse
que, o maior símbolo para os iniciados era o Osù e modelou um na superfície da
cabeça da Galinha de Angola, dizendo que, a partir daquele momento, ela seria o
Animal mais Sagrado do Culto aos Òrìsàs, pois somente ela, traz o Grande Osù em
sua cabeça.
Esse Itã é um grande
ensinamento, pois mostra que não podemos julgar ninguém por sua aparência e não
devemos jamais negar comida e bebida. Nossa religião ajuda e acolhe.
Inhame / Cará.
Em Yorubá chamado de (isú). Para o Povo do Santo existem o inhame macho e o fêmea. O macho costuma ter formato fálico (cará), e o fêmea arredondado (inhame). O fêmea (inhame) é oferecido à Oxaguiã e este é seu oficial. Quando cozido e utilizado como massa ou em bolas, tem a função de amolecer, placar, estabilizar, amaciar tanto situações desfavoráveis, quanto pessoas. Também faz referências à cultura subsistência, ao trabalho e à alimentação de cada dia. Poucos sabem, mas a quizila maior de Oxaguiã e dos outros orixás funfun são os inhames velhos. Eles devem ser oferecidos o mais recente possível após sua colheita, sem ser amassados, partes escuras ou podres. O macho (cará) é consagrado a Ogum e a outros orixás que também aceitam. Quando o cará é utilizado após ser assado na brasa, sua função é aplacar a força agressiva de Ogum, e quando é preparado no carvão, possui a função de transformar a força agressiva em favorecimento. Também compõe o famoso “paliteiro” de Ogum, podendo ser ornamentado com inúmeras taliscas da nervura da folha do Dendezeiro.
Quando pilado cru (inhame) é
utilizado para transformação de algo ou situação muito dura ou difícil de
resolver, por isso nos ritos de Orunmila, os inhames novos são pilados crus e
só depois a massa crua ou cozida é utilizada para oferecimento ao mesmo. Quando
utilizado cru inteiro, sua finalidade é produzir algo, porém dependerá de
outros ingredientes integrados na oferenda, como pó de Waji. O inhame entra
geralmente nos adimus de Oxaguiã e de Ogum, assim como em borís, feituras, e
outras cerimônias de graduação no candomblé. Entra em ebós ajé e Exu, e nos
ebós odu de Ejionile, Ofum, alafia. Costuma-se usar a água do cozimento dos
inhames como banho de Oxaguiã, sendo um forte banho de descarrego e proteção. O
pó da casca do inhame seca e pilada também constitui um excelente atim que
atrai energias positivas. Uma raiz de inhame colocada estrategicamente em uma
residência ou estabelecimento comercial atrai a boa sorte e afasta as energias
negativas.
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