os, que nunca podem deixar de ser observados. Todos os Orixás, de Exú a Oxalá, recebem acaçá. Todas as cerimonias, do ebó mais simples aos sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagem, em tudo mais que ocorra em uma casa de candomblé, só acontece com a presença de acaçá. A pasta branca à base de milho branco, chama-se eco (èko), depois de envolvida na folha de bananeira, aí sim, será acaçá. O acaçá é um corpo, símbolo de um ser. A única oferenda que restitui e redistribui o axé. O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida; e por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-se a comida e predileção de todos os Orixás.
Nem todas as palavras do mundo
são suficientes para decifrar o valor de um acaçá. Basta admitir que os
segredos estão nas coisas mais simples para ver que muitos julgaram
insignificantes, a comida mais importante do candomblé, banalizando o sagrado e
privilegiando a intuição em deterimento do fundamento. Fato é que quem não faz
um bom acaçá, não pode ser considerado um bom conhecedor de candomblé; pois, as
regras e diretrizes da religião dos Orixás nunca foram ditadas pela intuição.
Constituem grandes fundamentos "cristalizados" ao longo de anos e
anos de tradição.
Aqui o grande fundamento é que o
sangue dos animais jamais pode jorrar sobre os igbás sem a presença do elemento
pacificador, pois, o acaçá simboliza a paz. Quando ofertado e retirado do seu
invólucro verde, tornando-se a comida de Oxalá que agrada a todos os orixás, a
primeira oferenda que deve ser colocada diretamente no assentamento, juntamente
com o obi e a água, antes de qualquer sacrifício. O acaçá deve permanecer
fechado,imaculado até o momento de ser entregue ao Orixá, só então é retirado
da folha. É como se o sagrado tivesse que ficar oculto até a hora da oferenda, prova
de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado.
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