terça-feira, 22 de outubro de 2013

Azeite-de-dendê.



  
O azeite-de-dendê tem a função de legitimar como africana a religião dos orixás, porque é consumido exclusivamente pelo candomblé. Tornou-se, então, o símbolo do sangue africano. Sua árvore representa a própria África no Brasil.

   Também chamado de epô pupá, pelos iorubás, ou de mazi, pelo povo bantu, é um óleo de cor vermelho-amarronzada, extraído por prensagem do fruto do dendezeiro.

   É muito utilizado pra os orixás denominados “quentes e aguerridos”, que participam ativamente da casa de candomblé em quase todos os momentos, a começar por Exu e Ogum. O seu uso, contudo, não é exclusivo destes dois orixás. Também ao ser humano é dado o privilégio de saboreá-lo, como ingrediente principal ou como coadjuvante em variados tipos de comida.

   Possuidor de um aroma exótico e forte, tem a relevante função de ser propulsor de energia, do dinamismo e da vitalidade da cor vermelha, representando o movimento. Mas também produz a calmaria e o apaziguamento ao ser oferecido àqueles orixás que se caracterizam pelo aspecto turbulento e aguerrido, como Ogum e Exu. Neste aspecto, o azeite-de-dendê serve como um símbolo que distingue os orixás, agindo como um divisor dentro da religião e do sistema simbólico dos orixás. De um lado, estão os denominados “orixás do dendê” e, do outro , os chamados “orixás funfuns”, que não aceitam o azeite-de-dendê. Porém, dentro deste panteão existem alguns orixás que aceitam pequenas porções do azeite-de-dendê, produzindo assim um contrabalanço entre a placidez e a sua personalidade dinâmica e enérgica.

   Dentro de uma casa de candomblé, além do uso na culinária, o dendê tem várias outras utilidades porque participa também da confecção de sabão e de velas; reforça alguns assentamentos; lubrifica ferramentas de certos orixás; amacia o couro dos atabaques etc.

   O consumo do azeite-de-dendê reforça sempre as raízes africanas em nossas vidas, e nos permite ver essa cultura advinda de outros povos reinterpretada em nosso dia-a-dia, trazida de além-mar e nos oferecendo seu cheiro, seu sabor e todo seu encantamento mágico-sagrado.

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