segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Oxum.


   Oxum (Osun) é a deusa da beleza e da meiguice, a mulher-menina vaidosa e sedutora, a divindade do amor. É homenageada ao ter seu nome ligado a um rio africano que banha as regiões do Ilexá, Ijebu e Oshogbo, na Nigéria. Rainha da nação Efan, onde reina absoluta, em Ekiti-Efon. Juntamente com Iemanjá, Oxum possui, entre os iorubas, o titulo de iyálodê (ìyálódè), o posto mais alto entre todas as mulheres de uma comunidade.


  
A divindade Azirí, vodum da nação Fon, possui grandes assemelhações com Oxum, pois também esta ligada as águas doces e à gestação. Na nação Bantu direciona-se à Quissimbi, poderosa inquice.


Filha favorita de Iemanja e Oxalá segundo alguns itãs, Oxum recebeu de sua mãe rios, cascatas, cachoeiras, córregos e todas as águas doces que tivessem movimento, juntamente com a ordem de mantê-las incólumes para o uso do ser humano, e de fazer uma perfeita distribuição pelo mundo, reinando com sabedoria. É por meio de suas águas que as terras são fertilizadas, produzem alimentos e permitem a manutenção da vida no planeta. Este líquido precioso mata a sede e sustenta vidas. As águas também carregam os plânctons, algas e sais minerais, substancias que nutrem varias formas de microorganismos, formando a partir daí uma vasta cadeia alimentar na natureza.


   Oxum também ganhou de seus pais jóias, metais e pedras preciosas para que se enfeitasse. Isto lhe possibilitou ser chamada de “senhora da riqueza”, título que ela ostenta com muita graça e charme. Em suas festas, mostra-se elegantemente trajada com muitas jóias, principalmente pulseiras (idés) de cobre ou ouro, sua marca registrada. O chacoalhar delas produz um tilintar semelhante as águas correndo entre as pedras. Em suas terras de origem, o metal a ela dedicado era o cobre, pelo brilho avermelhado, por ser muito abundante e também o mais valioso da região. Quando foi trazida para o Brasil, o ouro aqui era o metal dominante e o mais precioso e vistoso, passando então a ser dedicado a ela, que aceitou utilizá-lo, sem porém abandonar o cobre de seus paramentos. Utiliza-se também o bronze e do latão, metais representantes do elemento vermelho e considerados o “sangue dos metais”.


   O mel é outra substância que faz um simbolismo com o sangue. Tendo o codinome de “sangue das flores”, é o alimento favorito de Oxum, que por causa desta preferência é chamada de “senhora do mel”. Este elemento representa a doçura, o apaziguamento e a calmaria, sendo muito utilizado em suas funções. Produto das abelhas, estas produzem o mel com pólen que retiram das flores que são também consagradas a essa rainha. Estes presentes da natureza a enfeitam e a consagram como a mais graciosa divindade, sendo considerada a mais linda entre as mais belas!


   Divindade símbolo da feminilidade e da jovialidade, Oxum é muito alegre, gosta de dançar, de festas e principalmente de doces e bolos, que estão sob seu domínio. Essa adoração por bolos e doces origina-se também de sua ligação com as crianças e com o orixá Ibeji, de quem é a guardiã. Senhora protetora da maternidade, guarda e protege as crianças desde o ventre da mãe até o nascimento, e as acompanha em seu crescimento, até que adquirem certa independência e saibam utilizar-se da comunicação. Oxum é também a protetora das crianças que estão sendo geradas, evitando seus abortos e as complicações na gestação, ajudando no nascimento e provendo um bom parto para as mulheres. Age também através de rituais específicos, nas crianças-Ibicu que chegam ao aiê com tempo escolhido para retornar ao orum, doutrinando-as e ensinando-lhes como aqui permanecer e ter boa existência junto aos seus pais terrenos.

Sua ligação com a maternidade e o nascimento torna Oxum o orixá responsável pelo sangue que corre no corpo dos seres vivos e que mantém, revigora, dá energia, sustenta a vida e é seu poderoso axé. 

   Reconhecida como a “senhora da fertilidade”, é a protetora da barriga e do útero, tendo poder sobre a fecundidade, a gestação e o parto, e respondendo principalmente pelo sangue menstrual. O sangue é tão vital, que é o sangue dos animais imolados que energiza e dá vida à pedra das divindades. Grande mãe por excelência, está inserida no grupo das mães ancestrais do orum, junto a Nanã, Iemanjá, Oyá. Nos assentamentos das iyabás e também nos igbás dos orixás da criação, de formato arredondado e com tampa está simbolizada a barriga, ou útero protegido, que recebe e contém uma nova vida.


   Símbolo primordial de Oxum, o icodidé é usado nas iniciações dos iaôs e em variados rituais, posteriormente. Ao transformar o sangue feminino em penas matizadas de vermelho que simbolizam e atraem a vida, Oxum provou a fertilidade do sangue. Em reconhecimento e respeito ao poder gerador feminino, até o poderoso senhor do branco, Obatalá, usa o icodidé, fazendo plausível a união do ancestral-pai com a descendente-filha, Oxum, e com seus futuros filhos recriados, os iaôs. Através do icodidé, Oxum pode ser considerada como a primeira iyalorixá do mundo, quando produziu o primeiro iaô ao pintar, colocar oxu e uma pequena pena na cabeça de uma galinha. A partir daquele momento, o icodidé se interligou também com Exu, pela sua cor e pelo dinamismo que produziu. Foi Oxum quem colocou Oxu, porém foi Exu quem o fixou, mostrando a necessidade de sua intervenção para que tudo passasse a ter existência. Ele também aceitou compartilhar com Oxum e com as mulheres  os segredos que conhecia!


   Oxum foi parceira de Orunmilá, Xangô e Ogum, mas foi com Oxóssi que ela possuiu uma ligação mais forte, sendo este considerado seu grande amor e companheiro. Ela fornece as águas para as florestas e os animais desse caçador, permitindo assim o equilíbrio da natureza. Com Ossâim e Iroco, ela criou uma cumplicidade, e estas divindades permitem que ela utilize suas folhas medicinais e as de encantamento. Seu poder gestacional também age na terra, que, após ser fertilizada e fecundada pelas águas, cria abundância e traz prosperidade para a agricultura. É por meio destes atributos que Oxaguiã, Babá Okê e Ogum, orixás guerreiros e patronos da terra se aproximam de Oxum.


   Como mulher poderosa participa do panteão das Iyamís, as mães ancestres, e em seu aspecto mais velho faz parte do grupo das Ajés, as feiticeiras poderosas que, se não forem bem agraciadas, tanto promovem a paz como também a guerra ou a desarmonia. Como Eleiyé (proprietária dos pássaros), está ligada as aves e ao ovo, símbolo da fecundidade, passando a ser chamada de Iyá eyín,  “senhora/mãe dos ovos”. Este elemento possui a propriedade de quebrar forças contrárias e destruidoras que são atraídas e “aprisionadas” dentro dele, transformando o ovo em um escudo de proteção. Contudo, também pode ser utilizado por pessoas inescrupulosas que para produzir malefícios, pois está ligado tanto ao bem quanto ao mal.

Inconstante e movimentada como as suas águas, Oxum se apresenta ora meiga, dócil e coquete, ora voluptuosa, guerreira ou sensual e até irada e rabugenta. Estes predicados fazem parte de suas variadas qualidades.


   Os espelhos estão entre seus presentes favoritos, que ela gosta de receber em suas águas correntes e limpas com o dia amanhecendo. Muito feminina, adora jóias, bijuterias, pulseiras de metal amarelado, perfumes, leques, batons, sabonetes, pó-de-arroz, pentes, bonecas, pequenos enfeites etc. Sempre enfeitados com fitas coloridas e flores amarelas.


   Em suas festas, gosta de dançar Ijexá, o que faz com muita leveza e graça, remexendo os ombros sedutoramente, com um ar solene e altivo, e até com certo pedantismo, sem contudo perder a elegância. Veste-se femininamente, com saia, camisu, pano-da-costa, laçarotes no peito e, na cabeça um chorão. Carrega sempre um abebé dourado ou de cobre em uma das mãos, mesmo que na outra leve uma espada ou alfanje de guerreira (ou seu ofá de caçadora).      


Generalidades do orixá:

Como são chamados os seus filhos: Oxunssi.

Elemento: Água.

Dia da semana: Sábado.

Símbolos: Abebé, Adaga e Espada.

Metais: Cobre, Bronze, Ouro e Latão.

Cor: Amarelo-ouro.

Folhas: Oriri, Colônia, Saião, etc.

Saudação: Ore Yêyê ô!


Seus filhos:

   Os filhos e as filhas de Oxum costumam ser carinhosos e calmos. Diplomatas, são gentis, evitam melindrar os amigos, mas para os inimigos guardam momentos irados e impulsivos. Vagarosos, tendem a ser preguiçosos e lentos em seus afazeres, mas jamais se esquecem de suas obrigações. Possuem personalidade forte, lutam sempre por seus interesses com muita obstinação para alcançar seus objetivos e tentar acender na vida. Vaidosos ao extremo adoram jóias e perfumes. Mesmo quando trajam-se com simplicidade, conseguem mostrar-se elegantes. Apreciam festas e confraternizações e procuram aproveitar tudo o que a vida pode lhes proporcionar de bom. Gostam de ambientes refinados procurando fazer de sua casa um modelo de beleza, praticidade e modernidade.


   Embora de aspecto sensual, voluptuoso e muito coquetes, os/as filhos/as de Oxum não gostam muito de chamar atenção, e nem de chocar as pessoas, dando muito valor à opinião alheia. Procuram viver mais reservadamente, o que muitas vezes não conseguem, pois dominam os ambientes somente com sua presença. Têm grande apego às comidas bem temperadas e bem elaboradas, pois o visual para eles/as é imprescindível. As pessoas deste orixá, quando mais velhas, tornam-se rabugentas, austeras, mas sempre mantendo a emotividade e a sensibilidade, a tranquilidade e a serenidade, características dominantes dos filhos de mãe Oxum!

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