Iemanjá passeava pelas matas quando avistou de longe o pequeno Logun Edé . Ela ficou por horas admirando a beleza do pequenino. Foi até Orumilá, dizendo que queria ter um filho que fosse tão belo quanto ele. O sábio lhe disse que a criança era mágica e encantada, pois era fruto da união e do amor de seus pais Oxum e Oxóssi.
Da mesma forma Iemanjá estava enlouquecida querendo ter um
filho com tal encanto. Orumilá lhe disse que ela deveria pegar um obi, passá-lo
no ventre e logo após jogar nas águas. E assim a rainha do mar foi até as águas
mais belas e límpidas, passou o obi em seu ventre, mais na hora de jogar na
cachoeira, ela atirou errado e o obi caiu em cima de uma pedra, que o dividiu
ao meio, ainda metade nas águas e a outra metade no mato. Passando-se nove
meses, Iemanjá deu a luz a um casal de gêmeos, e deu- lhes o nome de Oxum Karê
e Odé Karê, e ambos eram tão belos e encantados como Logun Edé. As crianças
cresceram travessas, Oxum se vestia como Odé, e Odé como Oxum, e por isso
ninguém nunca sabia quem era quem.
Aprenderam a arte da
caça, por isso ambos levam o ofá (arco e flecha). Em sua aldeia, quando estava
na temporada de caça, Oxum Karê ao invés de ficar lá com as mulheres preparando
a colheita e a lenha, ela ia para as longas caçadas com seu irmão e com os
demais caçadores de sua aldeia. Odé ao invés de caçar apenas nas matas com os
outros, passou a se embrenhar pelos rios e cachoeiras se tornando junto dela um
ótimo pescador. Assim, o desejo de Iemanjá se realizou, pois Orumilá lhe deu
dois encantos caçadores das águas!
Até hoje muitos acreditam que certa vez houve uma grande
seca, acabando com os rios e animais, e por tamanha tristeza, Oxum Karê e Odé
Karê tornaram-se um só, juntando assim o obi novamente. Por isso os filhos de
Karê são doces como Oxum e destemidos como Oxossi, são orixás individuais, mais
quando necessário tornam-se uma só força, uma só magia, um só encanto!
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