Navengando em meio de blogs e sites encontrei esse texto, resolvi postar:
"Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu
cachimbo, um triste Preto Velho chorava. De seus olhos molhados,
lágrimas lhe desciam pela face e não sei por que as contei. Foram sete.
Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei. - Fala meu
Preto Velho, diz a este teu filho, por que externa assim, esta tão
visível dor? - Está vendo, filho, estas pessoas que entram e saem do
terreiro? As lágrimas que você contou, estão distribuídas a cada uma
delas. - A primeira lágrima foi dada aos indiferentes, que aqui vem em
busca de distração. Que saem ironizando e criticando, por aquilo que
suas mentes ofuscadas não puderam compreender. - A segunda, a esses
eternos duvidosos que acreditam, desacreditando. Sempre na expectativa
de um milagre, que os façam alcançar aquilo que seus próprios
merecimentos lhes negam. - A terceira, aos maus. A aqueles que procuram a
Umbanda em busca de vinganças, desejando prejudicar a um seu
semelhante. - A quarta, aos frios, aos calculistas. Aos que, ao saberem
da existência de uma força espiritual, procuram beneficiar-se dela, a
qualquer preço, mas não conhecem a palavra gratidão e nem a Caridade. - A
quinta lágrima, vê como chega suave? Ela tem o riso, do elogio e da
flor dos lábios. Mas se olhares bem, no seu semblante, verá escrito:
'Creio na Umbanda. Creio nos teus Caboclos, nos teus Velhos, e no teu
Zambi, mas somente se vencerem no meu caso ou me curarem disso ou
daquilo'. - A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Terreiro em Terreiro,
sem acreditar em nada, buscando aconchegos e conchavos. Mas em seus
olhos revelam um interesse diferente. - A sétima, filho, notas como foi
grande? Notou como deslizou pesada? Foi a última lágrima. Aquela que
vive nos Olhos de todos os Orixás e de todas as entidades. Fiz doação
desta aos Médiuns. Aos que só aparecem no Terreiro em dia de festa. Aos
que se esquece de suas obrigações. Aos que esquecem que existem tantos
irmãos precisando de caridade, tantas 'crianças' precisando de amparo.
Da mesma caridade e do mesmo apoio que eles próprios, um dia aqui vieram
buscar. Assim, filho meu, foi para esses todos que vistes cair, uma a
uma, as sete lagrimas de um preto velho."
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